Ao longo de sua existência, o LabEshu já abrigou uma infinidade de projetos, seja os coordenados pelos/as professores-pesquisadores/as a ele associados/as, seja aqueles desenvolvidos por estudantes de graduação, mestrado e doutorado. Nesta seção, você encontrará informações sobre os principais projetos. Na página Produções, você terá acesso a links para as produções decorrentes daqueles coordenados pelos/as professores-pesquisadores/as, e também para monografias, dissertações, teses, capítulos e artigos oriundos dos trabalhos dos/as estudantes.
Homossexualidades
Agrupados sob um mesmo título temos, na verdade, desdobramentos investigativos, que foram apresentados ao CNPq em editais variados nos últimos dez anos, abordando, a partir de diferentes frentes metodológicas, a vulnerabilidade de homens que fazem sexo com homens (HSHs) à epidemia de HIV.
De forma mais ampliada, esses investimentos envolveram técnicas de pesquisa qualitativa (observação participante, entrevista biográfica e entrevista temática) e quantitativa (inquérito comportamental), além de análise documental sobre a história da epidemia de da comunidade gay.
Do projeto advêm reflexões sobre posições sexuais e vulnerabilidade ao HIV, sobre estilizações de gênero, estigmatização e sofrimento psíquico e sobre formas alternativas de gestão de risco às ISTs, denominadas práticas soroadaptativas - conferir no Linktr.ee e em Produções Acadêmicas.
Na versão atual, inciada em 2022, o projeto aborda a conduta sexual de jovens HSH residentes na RMR de modo a produzir uma análise de vulnerabilidade ao HIV, considerando os atravessamentos da pandemia da SarsCov2/Covid-19.
Está embasado numa perspectiva teórica que dá relevo aos contextos comunitários, ocupando-se de desvelar as culturas sexuais que sustentam as interações entre as pessoas, e entende a vulnerabilidade ao HIV como produto da sinergia entre dimensões sociais (relações de poder engendradas por marcadores sociais, como classe, idade/geração, raça/etnia, sexo/gênero etc.), programáticas (respostas governamentais à epidemia) e subjetivas (identidades, conhecimento, capacidades pessoais e emoções). É viabilizado por um aporte metodológico etnográfico por meio de registros de observação participante em espaços de homossociabilidade, entrevistas biográficas e entrevistas com informantes chaves.
Os dados são analisados numa perspectiva hermenêutica, buscando compreender os elementos que concorrem para conduta sexual dos homens em função dos contextos sociais, programáticos e subjetivos, considerando as afetações trazidas pelo enfrentamento à Covid-19. Certamente o estudo contribuirá para adensar a compreensão dos aspectos psicossociais das práticas sexuais, das medidas de prevenção e de exposição ao risco, possibilitando recursos para a elaboração de políticas públicas mais sensíveis à realidade dos HSHs.
O projeto conta com financiamentos do CNPq, na forma de Bolsa de Produtividade em Pesquisa (09265/2021-5) e auxílio em pesquisa do Edital Pró-humanidades 2022 (409990/2022-1). Um dos requisitos do Edital consiste em desenvolver um plano de divulgação científica, de modo garantir que o conhecimento produzido nas pesquisas por este financiadas sejam levados não apenas para a comunidade científica, mas para profissionais nos serviços e sociedade mais ampla. No nosso caso, nosso plano de divulgação consiste em:
* Produção deste site, repositório da produção acadêmica e técnica (materiais informativos) do LabEshu, com ênfase para as questões objeto da pesquisa em tela. Esse caminho nos levou à produção de um site paralelo, www.alicebeesha.com.br. Com ela facilitaremos o acesso do público não especializado às reflexões que o projeto tem oferecido, ao mesmo tempo que se inclui no rol de ferramentas disponibilizadas para os/as profissionais de saúde utilizarem em suas ações;
* Ampliação e dinamização da inserção do LabEshu nas redes sociais na internet (Instagram, Facebook, Linktr.ee);
* Realização de seminários e oficinas com atores/rizes chaves na promoção da saúde sexual de HSHs, com fins de divulgar as atividades do grupo de pesquisa, além de pautar questões que possam orientar nossa investigação, aprofundando por meio da pesquisa científica a possibilidade de compreensão de problemas presentes nos serviços;
* Produção de novos folders-cartilha para a série "Na agonia do tesão” - por exemplos, sobre PrEP e sobre Indetectável = Intransmissível - para ampla disponibilização;
* No final projeto, a produção de uma cartilha sobre prevenção combinada para gays e outros HSHs.
Nossa página Produções Acadêmicas ainda está em construção, mas você já pode encontrar alguns dos textos resultantes do projeto, publicados em capítulos de livro da série, “Gênero, sexualidade e direitos humanos" do próprio LabEshu. No linktr.ee do LabEshu você encontra algumas das nossas principais produções recentes em formato de artigo em revista científica.
Um outro conjunto de publicações, voltadas diretamente à prevenção do HIV e outras ISTs para gays e outros HSHs esta disponibilizado no site Alice Bee no Vale das Ninfas. Tendo como protagonista e cicerone Alice Bee, uma drag queen olindense, o site apresenta as experiências sociais, sexuais e afetivas de personagens nos espaços de homossociabilidade da Região Metropolitana do Recife - lugares que formam o que os nossos interlocutores denominam Vale das Ninfas. Além de apresentar os resultados de nossas pesquisas de forma mais coloquial, investimos na cultura gay local como caminho para discutir questões de cidadania e saúde que afetam os homens gays e outros HSHs.
Queremos, por fim, destacar a coletânea "Na Agonia do Tesão", atualmente com 5 volumes - Amor e Camisinha, Amigos que Transam, Fernando e o Urso, Casal Diferente e On PrEP - que abordam os principais contextos intersubjetivos de vulnerabilidade ao HIV, buscando oferecer reflexões e alternativas para uma vida sexual prazerosa e segura. Esses materiais foram elaborados em duas versões: para as redes sociais e para o site, em que a ênfase pós-pornô nas imagens é mais evidente. Aqui, linkamos os já disponíveis no Instagram. Mas, se você está curioso sobre a versão pós-pornô e sobre os dois últimos números, visita Alice Bee, ela vai ter o maior prazer em te contar as histórias picantes que ocorrem no cotidiano do Vale das Ninfas.
Confere lá!
Projeto de extensão Encontro com Feminismos: políticas, teorias e ativismos (agosto a outubro de 2022)
Este projeto teve por objetivo construir oficinas-debate sobre feminismos organizadas pelo grupo intitulado A Coletiva, braço do LabESHU-UFPE, em parceria com os movimentos sociais locais e setores governamentais.
As oficinas tiveram como base as discussões do feminismo como um campo, o campo feminista. Os coletivos parceiros trouxeram o debate a partir dos espaços de ativismo feminista no Recife; os órgãos governamentais proporcionaram a discussão dos feminismos a partir de suas atuações no governo; e A Coletiva buscou relacionar esta expertise com o debate acadêmico, nos espaços concretos da universidade, incentivando a troca de experiências entre os saberes empírico e acadêmico do movimento feminista.
Pretendeu-se, ainda, difundir os direitos e conquistas das mulheridades e das feminilidades e fomentar a luta atual dos movimentos sociais com quatro oficinas/debates, para os quais foram convidades participantes do movimento e/ou da academia para discutir temas pré-determinados, na configuração de pessoas convidadas e debatedoras.
Junto às discussões, tivemos, a cada encontro, atividades em grupo em caráter de oficinas expressivas, com a realização de atividades arteterapêuticas, técnicas de sensibilização de grupos, entre outras possibilidades.
Dessa forma, conseguimos promover momentos de troca de saberes, conexão e diálogo entre pessoas interessadas nos debates feministas e em suas relações com o campo acadêmico e da psicologia.
Projeto Diálogos para o Desenvolvimento Social de Suape (2011-2016)
Em 2009, começaram as articulações para o “Diálogos para o desenvolvimento social em Suape” (2011-2016), um programa de pesquisa-intervenção-pesquisa mobilizado pela Refinaria Abreu e Lima da Petrobras com o objetivo de minimizar os efeitos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal na microrregião de Suape — ou seja, da chegada de milhares de homens, trabalhadores da construção civil, para a edificação do Complexo Industrial e Portuário de Suape, composto de refinaria, estaleiros, petroquímica e outros empreendimentos.
Suape faz parte da Região Metropolitana do Recife e é composta pelos municípios de Cabo de Santo Agostinho, com 185.123 habitantes, e Ipojuca, com 80.542 habitantes, conforme o Censo de 2010. Enquanto Ipojuca recebeu a maior parte dos empreendimentos, Cabo contou com a maior parte dos alojamentos que abrigaram os milhares de homens. Os municípios e suas populações, incluindo os trabalhadores, foram o objeto do Diálogos.
Ainda no final de 2009, a universidade reuniu um conjunto ampliado de pesquisadores(as) de vários departamentos. À frente dos pesquisadores estavam os professores Luís Felipe Rios (LabEshu) e Benedito Medrado (Gema), além de outros/as integrantes dos dois referidos grupos de pesquisa, contou para a coordenação das ações com professores/as do Gepcol e do Fages. Também estiveram presentes na elaboração e execução da proposta duas ONGs com notória experiência nos campos de atuação do projeto, o Instituto Papai e o Centro das Mulheres do Cabo.
O programa foi composto de sete projetos, que trabalhariam de forma interligada, baseada nos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), de modo a promover o enfrentamento da vulnerabilidade aos agravos e a garantia dos direitos humanos, buscando envolver os diferentes setores e atores de algum modo partícipes nos agravos e nas violações de direitos objeto das intervenções — gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), exploração sexual comercial de crianças e adolescentes, violência masculina e violência contra as mulheres, e uso abusivo de álcool e outras drogas. Os títulos, atores e objetivos são listados a seguir:
* Conhecer o Território: identificar as políticas, os programas e os equipamentos sociais existentes nos municípios, os indicadores sociais e as concepções da população sobre os agravos que são objeto da intervenção;
* Ação Juvenil: instrumentalizar jovens de 16 a 19 anos de idade, de ambos os sexos, como lideranças capazes de atuar na produção e na disseminação de informações qualificadas nos campos dos direitos da criança e do adolescente, da saúde sexual e reprodutiva, do uso abusivo de álcool e outras drogas, e no enfrentamento a agravos de saúde e violações de direitos;
* Caravana da Cidadania: mobilizar as comunidades locais e instrumentalizar profissionais dos campos da saúde, da educação e da responsabilização para a promoção da saúde sexual e reprodutiva, o combate à violação dos direitos sexuais e o enfrentamento do uso abusivo de álcool e outras drogas;
* Chá de Damas: engajar e capacitar profissionais do sexo adultos dos municípios no enfrentamento das DSTs/Aids e da exploração sexual comercial de crianças e adolescentes;
* Mulheres e Educação para Cidadania: contribuir para o empoderamento de mulheres e jovens dos dois municípios, com ações formativas e informativas para o enfrentamento à violência doméstica e sexual na microrregião de Suape;
* Homens, Gênero e Práticas de Saúde: Diálogos com os Trabalhadores das Terceirizadas: sensibilizar e informar os trabalhadores das empresas terceirizadas para a promoção da saúde sexual e reprodutiva, a prevenção da violência e o uso abusivo de álcool e outras drogas;
* Observatório Suape: disseminar informações e recursos desenvolvidos no âmbito do projeto Diálogos para o Desenvolvimento Social em Suape.
Para sua operação, o Diálogos dispôs de um importante volume de recursos, na ordem de 4 milhões de reais, financiado pela Refinaria Abreu e Lima S.A., a Petroquímica Suape, o Consórcio RNEST Conest, a Alusa Engenharia e o Consórcio RNEST O. C. Edificações (EIT/Engevix). Também contou com o apoio institucional do Departamento Nacional de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde do Brasil, do Governo do Estado de Pernambuco e das prefeituras de Cabo de Santo Agostinho e de Ipojuca.
O programa propriamente dito foi finalizado em janeiro de 2015, no entanto houve um desdobramento final, por meio de um convênio com a Petroquímica Suape, para realizar uma devolutiva nas comunidades e publicar as experiências do Diálogos e de projetos correlatos em outros contextos. Neste âmbito foram produzidos um conjunto de livros, publicados na série “Gênero, sexualidade e direitos humanos", disponibilizados em Produções Acadêmicas.
Além das coletâneas, o Diálogos produziu um rico acervo de materiais educativos frequentemente utilizados nas ações de pesquisa-intervenção-pesquisa do LabEshu e de parceiros. Esses materiais fazem parte da coletânea “Direitos sexuais: recursos para ações comunitárias" e estão disponibilizados em Materiais Educativos.